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INFO Agosto2018 Complicações Associadas a Cateteres Venosos Centrais: Revisão de Conceitos e Dilemas





















osmolaridade). A obstrução de causa trombótica é cau- novo CVC. Outras questões com respostas não consen-
sada pela formação de uma bainha de fbrina, de coá- suais são a investigação de doenças relacionadas com
gulos intra-luminais ou murais, ou mesmo trombose do o Fator V de Leiden e tromboflia em doentes com trom-
vaso onde o CVC está inserido. 4 bose associada ao CVC.

Relativamente à obstrução de causa trombótica, existem
complicações trombóticas minor e major. As complica-
ções minor incluem a formação de um coágulo na ponta 3. PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS AO CVC
do cateter, obstrução do lúmen, bainha de fbrina ao lon-
go do cateter ou trombofebite superfcial. Porém, a trom- As boas práticas de prevenção de infeção associada ao
bose venosa relacionada com o CVC é uma complicação CVC assumem um papel fundamental, estando ao alcan-
major, podendo causar efeitos sistémicos graves, como ce de todos os intervenientes: profssionais de saúde,
embolia pulmonar ou sépsis. doentes e cuidadores. A prevenção deverá ter lugar no
momento da inserção do CVC e na sua manutenção.
Geralmente, o diagnóstico de trombose do CVC é feito re-
correndo a ecografa com doppler, apesar da venografa
ser o gold standard. Podem ser usados outros exames de 3.1 Prevenção da infeção associada ao CVC
imagem, quando existe uma suspeita clínica de trombo-
se não confrmada por ecodoppler (exemplo: tomografa Antes da colocação de um CVC é importante garantir
axial computorizada, ressonância magnética nuclear). a sua indicação e avaliar o tipo de CVC mais indicado,
bem como o local de implantação. Sempre que possí-
vel, deve ser evitada a região femoral, pelo maior risco
2.2 Tratamento de complicações locais (categoria IA). 1,9

A ocorrência de trombose associada a CVC não é indi- É obrigatória a preparação pré-cirúrgica das mãos e pre-
cação formal para a sua remoção. A remoção do CVC cauções de barreira máximas (bata estéril, luvas estéreis,
está indicada quando este não está funcional ou não for touca e máscara) pelo cirurgião, ajudantes e todos os pro-
necessário, se a terapêutica anticoagulante não for ef- fssionais circundantes num raio de 2 metros. Também
caz ou se critérios de gravidade como embolia pulmonar está recomendada a utilização de um campo cirúrgico
com instabilidade hemodinâmica 4,10 . Deverá ser realiza- que cubra a totalidade da superfície corporal do doente
do previamente um curto período de anticoagulação (3-5 (categoria I, C), bem como a assepsia da pele com solu-
dias) com heparina de baixo peso molecular (HBPM) a ção de cloro-hexidina a 2% em ál-cool. O uso proflático
1,9
fm de evitar a embolização de coágulos. Está recomen- de antibióticos prévio à inserção do CVC de longo termo
dada terapêutica anticoagulante durante pelo menos 3 não está indicada como medida preventiva, dado não re-
meses após a remoção do CVC (categoria I, C). duzir signifcativamente o risco de sépsis associada ao
CVC em doentes com cancro. 2,4
Se o CVC estiver funcionante, corretamente posicio-
nado e for imprescindível para o tratamento pode ser A manutenção do CVC tem igualmente um papel central
preservado em doentes sem risco de complicações na prevenção na infeção. Antes de cada manipulação é
major. Deverá ser iniciada terapêutica anticoagulante fundamental a lavagem das mãos (sabão de pH neutro,
com HBPM a manter durante todo o tempo que o CVC seguido de solução alcoólica), assim como a descon-
estiver implantado. taminação dos pontos de acesso do CVC (solução de
cloro-hexidina a 2% em álcool ou álcool a 70o).
Existem ainda questões que carecem de esclarecimen-
to, tais como a duração ótima da anticoagulação após Deve ser avaliada periodicamente a necessidade de
a remoção do CVC, o melhor timing para remoção do manter o CVC, de forma a ser removido logo que fque
CVC ou o local mais adequado para a colocação de um em desuso. 1,9




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