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Complicações Associadas a Cateteres Venosos Centrais: Revisão de Conceitos e Dilemas Agosto2018 INFO





















antibiótica associada ao tratamento sistémico. Desta
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Tabela 2. Fatores de risco para endocardite:
forma tem sido incluída nas guidelines internacionais
1. Material protésico intravascular, de tratamento das infeções associadas a CVC, prati-
2. Prótese valvular cardíaca, cadas em vários centros hospitalares com protocolos
3-5, 8
3. Doença valvular cardíaca, publicados.
4. Imunosupressão (fármacos, diabéticos, imuno- A decisão de preservar o CVC requer uma cuidadosa
defciências, etc); ponderação dos riscos e benefícios. Esta é uma abor-
5. Remoção tardia do CVC, dagem multidisciplinar, pelo que discussão entre a
6. Trombofebite supurativa. equipa médica e de enfermagem, com a microbiologia
e farmácia hospitalar antes de iniciar selagem antibi-
ótica é fundamental para o bom desempenho deste
1.4 Selagem antibiótica na preservação do CVC tratamento.

Apesar da recomendação de remoção do CVC sempre
que é diagnosticada uma infeção associada ao CVC,
nem sempre a mesma é possível ou desejável nomea- 2. TROMBOSE ASSOCIADA AO CVC
damente nas seguintes situações:
A incidência de trombose associada ao CVC em doentes
Elevado risco na remoção do CVC (exemplo: trombo- oncológicos, sintomática e assintomática, varia entre
citopenia, coagulopatia), 27% a 66%. É estimado que a trombose sintomática
Ausência de acessos alternativos ou insufcientes ocorra em 0.3 e 28.6% dos doentes. Contudo, a incidên-
face às necessidades do doente, cia da trombose sintomática tem vindo a diminuir, pro-
Necessidade de cuidados de suporte de vida, cuidados vavelmente pela melhoria dos materiais, melhor técnica
de qualidade de vida, nutrição parentérica total, etc. de colocação e melhores cuidados de manutenção. 5

A selagem antibiótica (do inglês antibiotic lock therapy) É fundamental, para além de uma boa técnica de inser-
é um método descrito como uma alternativa possível ção, a confrmação do seu po-sicionamento.
quando se pretender preservar o CVC no tratamento da
bacteriémia, em situações clínicas não críticas. A permanência prolongada de CVC’s que já não são ne-
cessários está associada a aumento de fenómenos de
Como a maioria das infeções que envolvem CVC de longo fbrose e trombose. 4,5
termo ou totalmente implantados são intra-luminais, a er-
radicação destas infeções é tentada pelo preenchimento
do CVC com concentrações supra-terapêuticas de antibi- 2.1 Causas de obstrução do CVC
ótico 100 a 1000 vezes superior (exemplo: instilação do
volume correspondente ao volume do CTI, 2mL; evitar A obstrução do CVC pode ser evidenciada aquando da
fush). Estas soluções deverão permanecer no lúmen do sua manipulação, pela difcul-dade de aspiração ou per-
CVC até a um máximo de 48 horas, criando então uma fusão ou presença de dor local ou sinais infamatórios.
selagem antibiótica. O objetivo, mais do que erradicar as
bactérias planctónicas, é erradicar as bactérias do biofl- A obstrução do CVC tem três causas identifcáveis.
me do CVC. Salvo raras exceções, deverá ser usada sem- Pode ser mecânica, quando existe compressão do ca-
pre em associação com antibioterapia sistémica. teter entre a 1ª costela e a clavícula, ou pelo contato
da ponta com a parede do vaso. Também pode ser pro-
A evidência científca a favor da selagem antibiótica de- vocada pelas substâncias administradas, pelo risco de
monstra que foram preservados, sem recidiva da infe- precipitação no lúmen do cateter (exemplo: precipitado
ção, entre 58% a 77% dos CVC tratados com selagem de fosfato de cálcio, nutrição parentérica com elevada




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