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INFO Agosto2018 Complicações Associadas a Cateteres Venosos Centrais: Revisão de Conceitos e Dilemas





















performace status, presença de neoplasia do pâncreas, em associação deverá ser privilegiada na presença de
administração de nutrição parentérica e elevada utiliza- fatores de risco para colonização por agentes resis-
ção cumulativa cateter/dia. tentes a carbapenemos (exemplo: idosos, neutropenia
prolongada, CVC de longo prazo, doença hematológica,
nutrição parentérica total).
1.1 Remoção do CVC
O uso de antifúngico deverá ser ponderado também
A remoção do CVC está recomendada sempre que é nos doentes críticos, com neutropenia prolongada,
diagnosticada uma infeção associada ao CVC. Esta colonização por Candida spp. conhecida ou sob uso
recomendação assume maior robustez nas seguintes prolongado de antibióticos de largo espectro. A 1ª linha
situações (tabela 1): terapêutica recomendada será uma equinocandina
(exemplo: caspofungina). O fuconazol poderá ser insti-
tuído em doentes clinicamente estáveis, sem exposição
Tabela 1. Situações em que a remoção do CVC a nenhum fármaco desta família nos 3 meses prévios
está recomendada:
ou sem colonização por espécies de Candidakrusei ou
1. Quadro clínico grave (sépsis; neutropenia), Cândida glabrata.
2. Trombofebite infeciosa,
3. Endocardite bacteriana,
4. Infeção do trajeto tunelizado, 1.3 Duração do tratamento
5. Abcesso no local do reservatório, A duração do tratamento antibiótico depende do agen-
6. Infeções por: S. aureus, fungos ou micobactérias, te isolado. Na bacteriémia com ponto de partida no
7. Bacteriémia e/ou febre persistentes, apesar de co- CVC está recomendado, de uma forma geral, manter
bertura antibiótica adequada durante 48 a 72h, tratamento antibiótico durante 10 a 14 dias após reso-
8. Recidiva de infeção do CVC, lução dos sinais de infeção (e.v. ou completada per os).
9. Microrganismos com elevado risco para infeção Considera-se como primeiro dia de ausência de sinais
recorrente e que poderão obrigar a remoção CVC: de infeção o primeiro dia de hemoculturas negativas.
Bacillusspp, Corynebacteriumjeikeium, Stenotro-
phomo-nasmaltophilia, Pseudomonasspp, Ente- Se nas 72 horas após remoção do CVC as hemoculturas
rococcusresistente a vancomicina. se mantiverem positivas ou ocorrerem sinais de compli-
cações à distância, o tratamento deverá ser prolongado
de acordo com a complicação em causa. Entende-se
a este nível complicações como endocardite infeciosa
1.2 Tratamento antibiótico e trombofebite supurativa (tratamento durante 4 a 6
semanas) ou osteomielite (tratamento durante 6 a 8
Após colheita de pelo menos duas hemoculturas, de semanas).
preferência no mesmo período de tempo, uma a partir
do CVC e uma segunda de veia periférica, deve ser ini- O risco de endocardite bacteriana é mais elevado nas
ciada antibioterapia. infeções por Staphilococcus aureus, podendo ocorrer
em 25-32% dos casos. A realização de ecocardiograma
Na bacteriémia associada ao CVC, o início precoce do transesofágico (ETE) é recomendada após 5 a 7 dias de
tratamento antibiótico sistémico está associado a uma bacteriémia por este agente (não é necessário efetuar
maior probabilidade de resolução da infeção, menor re- ETE se culturas negativas 72 horas após remoção do
cidiva e melhor sobrevivência. CVC). Alguns autores defendem não haver indicação
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para ETE em doentes sem fatores de risco (tabela 2) e
A vancomicina é recomendada como terapêutica de 1ª que têm infeção não complicada. 3
linha de antibioterapia a título empírico. A antibioterapia





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